sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

35 Up!

Zapeando, um dia desses, passei por um programa na PBS que era o mais recente episódio de uma série conhecida como Up Series! A série começou em 1964 na Inglaterra, quando foram entrevistadas crianças de 7 anos, de diferentes classes sociais, que contam suas vidas e seus sonhos. Era um documentario que deveria acabar por ali mesmo, mas sete anos depois, alguém teve a idéia de contatar a garotada (agora com 14 anos) para um update. Daí a série, que entrevista os mesmos personagens a cada 7 anos. O episódio que assisti era o 49 Up! com direito a flashbacks dos episódios anteriores. É um banho de humanidade, recomendo. Como estou na véspera de completar 36, deixo ai minha versão blog da série. Para a posteridade. Voltem daqui a 7 anos, prometo um post de atualização versão 42 Up.

7
Na segunda série primaria, morava numa chácara na periferia de uma cidade média no oeste do Paraná. Estava numa fase tímida e estudava em uma escola paroquial que tinha entrado na pré-escola dois anos antes. Naquele ano tive alguma dificuldade em entender o principio da operação de divisão. Somar, diminuir e mesmo multiplicar faziam sentido, mas dividir me parecia um conceito muito abstrato, e as regras para realizar a operação não tinham nenhuma lógica. Sobrevivi, mas deixou sequelas. Nunca consegui superar uma certa intolerância por regras em que a lógica não fica explicita. Mas aprendi a aceitar.

14
Neste ano morei em Rondônia, após cinco anos morando no norte do Mato Grosso. Início do ensino médio, pensava em fazer agronomia, engenharia eletrônica, engenharia aeronáutica, música, ou educação física. Ou seja, sonhava bastante. Primeiras aulas de física, algum interesse, ótima professora, mas um desempenho escolar medíocre. Algum dinheiro ganho trabalhando no negócio da família, uma sorveteria. Com o dinheiro, comprei um guia Brasil da Quatro Rodas, que me permitiu inúmeras viagens imaginárias. Comprei também um binóculo, com o que pude ver o cometa Haley! E tinha uma camiseta preta sem manga da John Player Special, muito estilo. E sim, tinha uma meia duzia de meninas lindas na escola, pelas quais me apaixonei simultaneamente ou em sequencia.

21
Ultimo ano de engenharia em Curitiba. Como nos anos anteriores, a maior parte do tempo foi passado na universidade onde encontrava os amigos, tomava duas refeições, fazia pesquisa em um laboratório, e sim, também estudava e acabei o curso no tempo previsto. No final do ano, enquanto meus colegas tentavam descolar um emprego, eu só tinha tentado uma opção, um mestrado no Rio onde felizmente fui aceito. A carreira acadêmica parecia ser meu destino. Neste ano meu irmão mais velho sucumbiu a um câncer, e eu perdi uma referência. No começo daquele ano tinhamos feito uma viagem MS-SP juntos. Conversamos praticamente a noite toda no ônibus, tinhamos uma complicidade intelectual. A vida é fragil.

28
Defesa de tese de doutorado no Rio, depois de dois anos passados na Bélgica. Ano de crise finaceira no Brasil, nenhum concurso aberto e nenhuma previsão de abertura. Aceitei um proposta de trabalho por dois anos num instituto de pesquisas no Canadá. Casado à mais de dois anos, companheira disposta a viajar o mundo. Ano de primeiro emprego, primeiro carro e decisão de comprar o primeiro imóvel. Ao contrário de varios colegas de trabalho, a estabilidade não fazia parte de minhas preocupações. A vida nômade de até então, facilitou a adaptação e integração, mas não favorecia nenhum planejamento a longo prazo.

35
O emprego de dois anos, virou permanente. O visto de trabalho, virou visto de imigrante e eventualmente levou a cidadania canadense. E os sete anos passados parecem muito mais curtos. Deve ser a estabilidade. E o casamento vai bem, obrigado. Novidades? foi o primeiro ano que montamos uma árvore de natal. Tinha que ter alguma coisa excepcional, não?

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Minha caloi é melhor que a sua

Então, você sempre quis impressionar seus colegas de trabalho, vindo trabalhar de terno e de bicicleta e sem nenhuma gota de suor no rosto (válido somente para clima ameno). Seus problemas acabaram, compre um kit e 'eletrifique' sua bicicleta. Veja só:






O motor fica no eixo da roda da frente e a bateria fica na garupa. O comando se faz na mão como uma moto. Funciona. A bateria fica na bolsa atras. Tem autonomia para uns 20 km com velocidade máxima logo acima dos 30 km/h. Fui várias vezes ao trabalho neste verão, mas preciso dar umas pedaladas pois a distância é 25 km. Quando chego, levo a bolsa para o escritório e carrego as baterias. Se o mundo está esquentando devido aos gases de efeito estufa, não é culpa minha, faço a minha parte :-)


Detalhes para nerds:


Motor: Crystalyte 406 (teoricamente em torno de 400W, comprado na ebikes.ca, ~250$)


Bateria: 2 x Dewalt 36V 70Wh (conecto uma bateria de cada vez, comprada na ebay, ~100$ cada). Tem baterias mais baratas no mercado, mas são mais pesadas e duram menos. Essa é de LiFePO4, uma nova geração de baterias Li-Ion que são mais seguras e aguentam melhor abusos. É bem provável que seja o tipo de baterias usadas na próxima geração de carros híbridos, híbridos conectáveis (plug-in hybrids) e carros elétricos. As células são produzidas pela A123 systems.


Outros: controlador (crystalyte, 100$, ebikes.ca), acelerador (15$ ebikes.ca) e bolsa (25$).


sábado, 8 de setembro de 2007

FAQ – Imigração Canadá

Antecipando ao inevitavel, vai aqui a minha FAQ sobre imigração para o Canadá. Fica para referências futuras. Vale também para o Québec.

Q. Como é a sua vida ai no Canadá? Vale a pena imigrar?
R. Boa. Depende se você gosta de maple syrup ou não.

Q. Um amigo me disse que o governo canadense dá bastante incentivo para imigrar. Você pode me dizer se eles pagam a passagem e arrumam emprego pra mim ai?
R. Não. E também não fornecem o casaco de pele de urso necessário para suportar o inverno de -30C.

Q. Quanto uma pessoa ganha num emprego legal ai no Canada?
R. Bastante, muito mais do que uma empregada doméstica no Brasil.

Q. E ai... blz? Axei teu blog e vi que vc mora no Canada. To kerendo mto ir ai pra trabalhar. Vc conhece algum eskema pra arrumar um trampo ai que pagam minha passagem? Vc tem msn pra gente kversar +?
R. Não. Não.

Q. Oi Amigo. Estou planejando entrar com o processo de imigração para o Canadá em 2010. Até lá tenho que começar a aprender inglês e francês e juntar dinheiro para poder passar no processo. Estou escrevendo porque quero formar uma rede de amigos ai antes de eu chegar. Ouvi dizer que os canadenses são muito frios e por isso estou contactando brasileiros que moram no Canadá. Me adiciona no msn: amigobrasileiro@ixpertos.com.br.
R. Se você fizer um amigo por dia, vai ter mais de 1000 amigos até imigrar! Com certeza vai ter um que vai poder te pegar no aeroporto, outros que poderão de hospedar e um outro que vai conseguir um emprego que paga horrores para não fazer nada!

Q. Meu marido esta muito interessado em imigrar, mas eu não estou convencida porque ouvi falar que é muito frio e também dificil ter empregada. É que eu preciso ter pelo menos uma empregada pois tenho um filho de 3 anos e apesar de não trabalhar fora, ter ajuda da minha mãe e de duas empregadas, chego ao final do dia exausta.
R. Aqui seria meio caro ter duas empregadas. Sugira para o seu marido imigrar para paises onde é barato ter empregadas. Tipo Tanzania, o Bangladesh e o Afeganistão.

Q. Fui no site do ministério da imigração do Canadá, mas não entendi nada por que não domino o idioma inglês nem francês. Você poderia me explicar detalhadamente como funciona o processo de imigração para o Canada e como preencher os formulários? Sei que tem outros blogs em português de outras pessoas que passaram pelo processo, mas estou meio sem tempo para procurar. Meu e-mail é: naduvida@meajudaai.com
R. Ando meio sem tempo também, uma pena.

Q. Estou na duvida se imigro para a Australia ou para o Canadá. O que você acha?
R. Australia se você prefere cangurus aos castores.

Esta FAQ foi inspirada em fatos reais. Fala sério, se você já tentou achar uma informação reelevante e não encontrou de jeito nenhum, pode perguntar. Juro que tenho boa vontade. Amigos e familia então, podem até abusar um pouco. Mas que tem muita gente sem noção, isso tem...

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

no tempo dos dinossauros

Entrei na era dos blogs tardiamente. Lia alguns blogs, mas esporadicamente. Em geral os que chamavam a atenção da midia, tipo o soldadeco que contava a miséria da guerra no Iraque em tempo real. Comecei a acompanhar regularmente alguns blogs faz mais ou menos um ano. Mas aí lembrei dos tempos jurássicos da web. Lá pelos idos 94-95 quando a internet era uma quase exclusividade da academia. O conteúdo em português era quase inexistente. Alguém lembra do Mosaic (interrogação). Era o antecessor do Netscape, esse o que todo mundo usava antes do Explorer. Nestes tempos primitivos, pré-google, achar o que queria na web, era uma aventura. Aí vieram o yahoo e o altavista. No laboratório que onde fazia pesquisa de mestrado, éramos um grupo de fascinados por essa nova tecnologia. Nessa época um colega me mostrou uma página entitulada algo como 'a vida sexual do Walter'. Era um inglês maluco que tinha uma espécie de diário especialisado naquilo. Achei o conceito poderoso, publicar o que bem querer, para quem quiser ler. O conceito de blog ainda nao existia... mais era só uma questão de tempo.

Existo?

Li muitos blogs nos ultimos meses, anos. Acompanho a vida e idéias de muita gente que não me conhece. Outras que conheço, mas que descubro um lado diferente quando blogam. Gosto disso, mas me sinto um pouco culpado, voyeur. Raramente, quase nunca deixo recado. Portanto, exceto pelas estatísticas de acesso, eu não existo. Não existia. Agora eu também blogo, logo existo!

ps. Existo, mas não sei escrever bem. Português nunca foi o meu forte. Os já nove anos fora do país do futuro também não ajudam. Prometo que vou me esforçar. Acabei de configurar o teclado em português-ABNT. E já (re)descobri onde ficam a maior parte dos acentos. Mas onde fica o ponto de interrogação (ponto de interrogação).